Saturday 28 March 2009

“Se fosse uma hora do dia, seria o lusco-fusco.

Se fosse um astro, seria um cometa, um vagabundo no espaço.
Se fosse uma direcção, por ser desnorteado, seria o Sul.

Se fosse um móvel, seria a poltronaEgg de Arne Jacobsen.



Se fosse um líquido, seria a água da chuva.
Se fosse um pecado, seria ― já sou ― a preguiça.
Se fosse uma pedra, seria o travertino, que envelhece bem.
Se fosse uma árvore, seria um sobreiro, porque cresci com um por perto.



Se fosse um fruto, seria um figo, porque me lembra o Verão e o meu avô materno.

Se fosse um clima, seria temperado, com todas as estações.



Se fosse uma flor, seria um jarro ou um lótus.

Se fosse um instrumento musical, seria um violoncelo.

Se fosse um elemento, seria ― e sou por signo ― ar.
Se fosse uma cor, seria azul-indigo.
Se fosse um animal, voltaria a ser um Homem, o único capaz de se defender dos outros homens.
Se fosse um som, seria a ilusão do mar dentro de um búzio.
Se fosse uma música, numa noite de amor seria Dance me to the end of Love, de Leonard Cohen; numa noite solitária de tempestade seriaA Morte e a Donzela, de Schubert.
Se fosse um sentimento, seria cumplicidade, a base de tudo.
Se fosse um livro, seria Divina Comédia, de Dante.
Se fosse uma comida, seria o Bacalhau com Broa do Pap’Açorda.
Se fosse um lugar, seria, de preferência, um onde tenha sido feliz.
Se fosse um gosto, seria acidulado
Se fosse um cheiro, seria Lúcia-lima (erva-limão) ao amanhecer, canela ao entardecer, e cheiro a terra molhada ao anoitecer.
Se fosse uma palavra, seria DIGNIDADE.
Se fosse um verbo, seria VIAJAR, porque a vida é uma grande viagem.
Se fosse um objecto, seria um talismã.
Se fosse uma peça de roupa, seria uma camisa preta Gucci que tenho no armário e me intimida.
Se fosse uma parte do corpo, seria a pele, o maior órgão e também um dos mais sensoriais.
Se fosse uma expressão facial, seria um olhar de provocação.
Se fosse uma personagem de banda-desenhada, seria Corto Maltese, o marinheiro errante.




Se fosse um filme, seria Il Gattopardo (O Leopardo), de Luchino Visconti.

Se fosse uma forma, seria uma elipse.
Se fosse um número, seria o 6.
Se fosse uma estação, seria a Primavera.
Se fosse uma frase, neste momento seria”Pobre do Homem cujos prazeres dependem da aprovação alheia” (Madonna dixit).”

*Confesso que nao sei quem e o autor do texto, mais que me apaixonei por ele, sim me apaixonei pelo texto. Muito obrigado.

No comments:

Post a Comment